24 de janeiro de 2015

O medo de perder quem amamos...

Assim como a grama do vizinho parece sempre mais verde que a nossa, as coisas ruins não acontecem conosco, apenas com os outros.
Ilusão. Uma hora cai por terra, e quando a gente se dá conta que acontece com a gente tropeça, sente a perna fraquejar, a alma acinzentar.
Uma coisa é nos sensibilizarmos com a tristeza de um amigo, sofrermos com ele por um momento difícil, se por 100% à disposição. Fácil é consolar o outro, falar palavras de apoio, clamar para que não desanime, mas e quando acontece com a gente?
O diagnóstico de uma doença grave, por mais que tenha tratamento e possibilidade de cura faz a gente desabar, faz a gente pensar no pior sim.
É necessário tomar uma dose cavalar de otimismo e esperança e manter o estoque abastecido.
Outro dia li que pai e mãe deveriam ser eternos. Como seria bom se fosse possível, mas se eles não são que pelos menos não sejam levados tão cedo.
De certa forma, os casos em que o tratamento é possível nos permite repensar o caminho trilhado, nos aproximarmos, darmos mais e mais amor, aproveitarmos cada minuto como se fosse o último, darmos valor ao que realmente importa, falarmos mais eu te amo, fazermos mais carinho, termos mais tempo para o fundamental: amar. Somente amar.

Dois anos e meio e nós continuamos lutando, brigando, amando, tratando, rezando.

Jardim Zoológico - Rio de Janeiro (1977)

2 comentários:

Lúcia Soares disse...

Como é verdadeiro seu texto, Isadora.
E como é bom ler você de novo, ainda que seja num post assim, onde vc desabafa.
Estou passando por isso, de ver minha mãe, aos 89 anos, doente, depois de um AVC, sem perspectiva de melhoras. Nunca pensei que ela passaria por isso e vejo, no hospital, inúmeras famílias vivendo o mesmo drama.
tudo vai ficar bem, temos que acreditar.
E seguir em frente, com alegria, transmitindo paz e serenidade aos nossos amados.
Um forte abraço e desejo de que vivam juntos por muitos anos, com qualidade de vida.
Beijo.

pensandoemfamilia disse...

Oi Isa
Texto lindo e triste, É realmente difícil estes momentos, mas enquanto há vida, há esperanças.