25 de agosto de 2011

Existe um lugar

Foto Isadora Nardy
Foto Isadora Nardy
Às vezes é preciso parar, inspirar e expirar calma e profundamente para retomarmos a correria do dia-a-dia. Inspirar e expirar corretamente é um antídoto contra o estresse. Levante a mão que não precisa, ainda que seja, de uma pequena dose.  

Uma pausa é sempre bem-vinda. Parar e, simplesmente, contemplar pode ser de grande valia para aquietar o coração, a mente, a alma. Manter a mente quieta não é tarefa fácil, mas podemos ao menos tentar.

Os especialistas garantem que o nosso corpo reflete o que pensamos e sentimos. Por isso uma pausa é mais do que necessária, é imprescindível.

Existe um lugar, em meio ao meu caos de paz e silêncio que me aquieta e me faz continuar.

20 de agosto de 2011

Pensamento


Percorro o corredor das lembranças...

Algumas me tomam de assalto e me fazem sorrir, outras são apenas imagens fugidias e de outras, simplesmente, me afasto pois não me fazem bem.

16 de agosto de 2011

Mulher e Menina



Dentro de si habitam a mulher e a menina:

A mulher que em seu ventre gerou uma vida e carrega consigo toda a responsabilidade da vida adulta e a menina que, ainda,  corre de pés descalços e cabelo solto ao vento e que tem todo o tempo do mundo.

A mulher que já sonhou colorido e em preto e branco e a menina que sempre sonha colorido.

A mulher que já tropeçou e caiu e tenta se manter de pé e a menina que sempre está de pé e cabeça erguida.

A mulher que por muitas vezes perdeu a fé e deixou de acreditar e a menina que mantém sua fé inabalável

A mulher que já cometeu erros, falhou e a menina que entende que os erros foram sempre na tentativa de fazer o melhor.

A mulher que  muitas vezes se cala para evitar o conflito e a menina que com a língua solta não mede palavras para dizer aos outros o que não a faz feliz.

É essa menina que estende a mão para a mulher, todas às vezes em que tempos difíceis teimam em se fazerem presentes.

10 de agosto de 2011

Minha pequena homenagem ao Rolando


Quando iniciei o blog, não sabia muito bem como as coisas funcionavam nesse espaço. Um dia buscando informações para um post, me deparei com um blog - Entremares, do Rolando Palma.

Fiquei encantada com o conto que li e deixei no comentário, um pedido para publicar o conto, aqui, no Tantos Caminhos e passei a segui-lo. Ele carinhosamente aceitou que eu publicasse seu conto e passou a ser o primeiro seguidor do Tantos Caminhos. Foi dele o primeiro comentário que recebi, em um post que fiz.("Muitas meninas como essa ( e meninos ) deixam simplesmente de conseguir ver as flores... e passam a acredita que é normal, que simplesmente.. cresceram, tornaram-se adultos.

Beijos, tudo de bom para ti.
Rolando
3 de março de 2010 14:42")


Hoje, a visitar o blog da Luma - Luz de Luma de deparei com a triste notícia de sua partida. E pior de sua partida de forma tão estúpida. Eu não poderia deixar de homenagear, aquele com o qual troquei as primeiras impressões nesse espaço. Fica aqui registrada a minha tristeza e o meu carinho.

Abaixo, o post que fiz sobre o lindo conto dele: A verdadeira história de Peter Pan

Bom, estava pensando em um post sobre A Terra do Nunca. Queria descrever a minha Terra do Nunca, pois acredito que dentro de cada um de nós existe uma. O lugar sagrado, onde nos refugiamos, nos momentos difíceis.

Ao fazer uma busca sobre a história do Peter Pan, para me inspirar, eis que me deparo com o texto abaixo. Uma pérola. Aquele texto que ao acabarmos de ler ficamos pensando: como eu gostaria de ter escrito isso.

Deixo para vocês o texto abaixo.

Recomendo aos que gostam de uma boa leitura o blog: Entremares.

O post sobre a minha Terra do Nunca fica para um outro dia.

" Pequenina, de asas graciosas e quase transparentes como todas as fadas, esvoaçando sobre os campos de flores. Seria o seu vestido, amarelo como os girassóis? Seriam os sapatinhos de verniz, a imitar as conchas do mar?

Chamava-se Nyota… e nascera muito longe dali, num continente quente e povoado de grandes florestas, lagos e desertos, e animais tão estranhos que ela não voltara a encontrar iguais, em mais parte alguma.Nem na terra do Nunca.

E aquele dia, na terra do Nunca, ia ser um dia... muito especial; Peter Pan, o eterno menino vestido de verde, como príncipe dos bosques e senhor das terras do arco-iris... ia anunciar o seu noivado.

Ninguém ignorava que Sininho sempre fora a fada de Peter Pan – a história descrevera-a assim, eternamente apaixonada pelo irrequieto menino que se recusava a crescer. Mas o que não estava escrito na história.. e que quase ninguém sabia... era o amor que Peter Pan e Nyota nutriam um pelo outro, desde que se haviam visto pela primeira vez, numa tarde de verão.

Nyota era divertida, uma óptima contadora de histórias... e sempre que podiam, desapareciam os dois rumo ao alto dos bosques. E ali, no silêncio dos pássaros e no murmúrio dos ventos... Nyota contava-lhe histórias de uma terra distante, em que os meninos rodeavam dançavam à volta de fogueiras, caçavam animais de cores bizarras e saltavam de árvore em árvore, pendurados dos ramos.

Peter Pan bebia-lhe o olhar, cheio de imagens, imaginando-se a ele próprio naquela terra estranha e longínqua, onde todos os meninos tinham uma cor de pele tão diferente da sua... e que Nyota descrevia como sendo tão bela como a terra do Nunca.

- Mas não há nenhuma terra mais bela que a terra do Nunca... – protestava Peter Pan, sempre que ela lhe tocava no assunto. – não pode haver...
- Mas é claro que há... e prometo-te que um dia... ainda te levarei lá...

E assim ela ali permanecia, inebriada por um simples olhar, enquanto ele adormecia, à sombra dos plátanos, sonhando com oásis de palmeiras no meio de desertos, tempestades de areia e longas pradarias de ervas altas e manadas de animais estranhos, a perder de vista...

Quando Peter Pan entrou na sala, as fadas interromperam a ladainha de sussuros. No silêncio frio do mármore, o único ruido provinha das botas de Peter, dirigindo-se ligeiro até a um dos extremos do grande salão. Sem cerimónia, saltou para cima de uma das mesas, distribuindo aquele seu olhar atrevido em redor.
Discretamente, Sininho aproximou-se também do local – queria estar bem ao seu lado, mal ele pronunciasse o seu nome.

- Meus amigos... como todos sabeis... está escrito que Peter Pan irá escolher uma fada da terra do Nunca... para juntos ajudarmos a cuidar de todos os habitantes ...

Fez uma longa pausa, enquanto dirigia o olhar para Sininho, ali bem perto de si.

- ... E todos vós já me conheceis há tanto tempo... e conheceis tão bem como eu a história da terra do Nunca, não é verdade? – e esticou o braço em direcção a Sininho - ... queres vir aqui fazer-me companhia... Sininho?

Palmas, muitas palmas, ainda mais suspiros.
No outro extremo do salão, um lamento passou quase despercebido.
Nyota, as mãos a tapar os olhos, saiu de mansinho para o jardim.
Peter Pan, do alto da mesa que lhe servira de tribuna, conseguia vê-la.

- Sininho... dás-me só um segundo, por favor? tenho só que ir ali falar com uma pessoa... é só um segundo...
A fada Sininho fez-lhe uma vénia irónica, com um sorriso de felicidade.
- Claro que sim, meu príncipe... claro que sim... mas não te demores...

Peter Pan apressou o passo, distribuindo sorrisos, beijos e abraços. Precisava de alcançar a porta do jardim.

- Nyota! Nyota!
Correu para ela.
- Nyota... espera, por favor...
Ela abriu a porta exterior do jardim. Quando se voltou, uma lágrima brilhante deslizava-lhe pelo rosto.
- O que queres, Peter?
- Nyota... meu amor... por favor, tens que compreender... estava escrito...
- Eu não sou o teu amor, Peter...
- Mas, Nyota... estava escrito... eu tenho que escolher a Sininho...
- Julguei que me amavas, Peter...
- E amo, Nyota, mais que tudo... mas que mais podia eu fazer? Está escrito ... na minha história... que eu tenho que escolher a Sininho... não posso evitá-lo...
Nyota olhou-o nos olhos e lá no fundo sentiu-se de novo a criança desprotegida, ansiando por um abraço, por uma palavra meiga.

- Eu também te adoro, Peter Pan... e isso não está escrito em nenhuma história, sabes? E se tu gostasses realmente de mim...
- Nyota, mas eu não posso...
- Peter... sabes porque não podes ?
- ...
- Não podes porque... até aqui não consegues deixar de ser ... uma criança...
- Nyota...
- Não, Peter... eu sei de tudo o que me vais dizer, mas... hoje e aqui... eu precisava que tu crescesses... nem que fosse só um pouquinho... que tivesses desafiado a história que escreveram para ti ... e me escolhesses...

Abriu o portão e seguiu em frente, o vestido amarelo como os girassóis a brilhar na noite escura. Desejava ardentemente que ele a chamasse.
Bastaria que a chamasse uma única vez... e ela voltaria a correr para os seus braços.

Mas sabia perfeitamente que tal nunca iria acontecer..."

(Rolando Palma- http://www.entremares-entremares.blogspot.com)

8 de agosto de 2011

Não tem explicação, não tem

Valentina estava exausta. Sentia-se como no dito brincalhão como se um caminhão tivesse passado por cima. Também não era para menos estava acordada desde as cinco horas da manhã e já eram onze da noite.

Tivera que acordar cedo, pois o seu voo estava marcado para oito horas. Ia para Natal, a trabalho.

Chegou ao aeroporto Augusto Severo, às onze horas e de lá foi direto para a filial da empresa. Já soubera antes mesmo de embarcar que três reuniões haviam sido marcadas, sendo que a primeira delas era um almoço. Que maratona, pensou.

Chegou e foi tomando logo pé da situação e dos detalhes sobre a empresa que queriam comprar. O almoço seria tenso e talvez fosse melhor pedir algo leve.

O almoço aconteceu tenso como ela havia imaginado e depois as duas reuniões, uma na sequência da outra. Quando pensou, aliviada, que poderia ir para o hotel, foi pega de surpresa pelos amigos do escritório que combinaram um happy our. Com negar?

Seu celular não deu trégua. Tocou sem parar o dia inteiro. Era Luís que ligava insistentemente.

Ela e Luís namoraram por dois anos e eles haviam rompido o namoro há uma semana. Ele não se conformava e queria mais e mais explicações.

Valentina já havia explicado tudo e explicado o que era mais importante: não o amava mais, porém Luís, sempre Luís tão arrogante não podia conceber o fato e dizia que tinha outro motivo, porém não havia e era assim, simples. Ela não queria ser indelicada e dizer para que ele parasse de ligar, pois estava sendo inconveniente. Esperava que ele se desse conta e a deixasse em paz.

Estava agora, no quarto do hotel, finalmente. Encostou a porta, desfez rapidamente a mala e foi para o banheiro. Estava louca para tomar um banho, colocar a camisola e apenas se enfiar debaixo das cobertas e ver se estava passando um bom filme, porém antes de deitar-se foi até a mesinha de cabeceira e pegou algo.

Antes de concluir o que iria fazer pensou em como gostaria de gritar em alto e bom som as palavrinhas que acabara de ler, mas como não podia limitou-se a abrir a porta e pendura na maçaneta pelo lado de fora, a pequena plaquinha que dizia:

3 de agosto de 2011

Chegadas e Partidas



Eu sou um aeroporto.

Na verdade, todos nós. Que outro lugar, senão um aeroporto, condensa sob o mesmo teto a alegria do encontro e a tristeza da despedida? Vejo pedaços de mim acima das nuvens, em logradouros distantes, em cidades inóspitas. Recebo, também, de todo lugar, pedaços do mundo que, como ímãs, aplicam-se sobre a minha pele e lá ficam para a posteridade, exibidos por onde passo.

Alguns têm a pista embrenhada entre matas, encoberta por nuvens de chuva, radares desligados ou intencionalmente sabotados. Tem gente que tem medo de avião.

Por medo das partidas, tem gente que não deixa ninguém chegar. São aeroportos fechados. No entanto, a gente só percebe o calor do abraço quando sente a dor de respirar o ar frio da solidão. Você brada aos céus toda sorte de impropérios, mas não percebe que vôo nenhum te encontra no radar.

Eu sou um aeroporto. Chegadas e partidas são a única certeza na minha vida. Meus olhos estão virados pro futuro, focados na estrada que se prostra à minha frente. Encontro em mim, com igual facilidade, motivos para persistência ou para desistência. E continuar pra quê? Continuo com a força do que levo pra vida. O saldo positivo disso tudo é a quantidade de aviões que acolho em meus hangares. Pedaços de histórias que conto pra mim mesmo todo dia, enquanto ergo um tímido sorriso quase que instantâneo de realização.

E você, aeroporto em greve, tá esperando o quê, olhando pra cima?

(Avião não pousa em aeroporto fechado)

Lucas Silveira

1 de agosto de 2011

Às vezes...



"Não é raro, tropeço e caio.
Às vezes, tombo feio de ralar o coração todinho.
Claro que dói, mas tem uma coisa:
A minha fé continua em pé."

[Ana Jácomo]